Paula Pinto
“Ser empreendedor e trabalhar por conta própria exige grande motivação”
Paula Pinto é licenciada em Ciências Farmacêuticas, mas foi na área da investigação que encontrou uma lacuna de mercado. Começou por dar apoio a docentes e médicos na escrita de documentos científicos e, em 2021, decidiu dedicar-se a tempo inteiro a este campo, recorrendo à ALPE para apoio na abertura do próprio negócio. No início, a ansiedade e a incerteza foram grandes, mas os clientes começaram a ser cada vez mais regulares e o negócio a prosperar.
Licenciada em Ciências Farmacêuticas, exerceu atividade na área durante um ano. “Ao fim desse ano, fui fazer doutoramento na área das ciências farmacêuticas e depois continuei na faculdade como docente e depois como investigadora. Foram 15 anos a desenvolver competências na área da investigação e na escrita de documentos científicos”, conta Paula Pinto. Surge então uma oportunidade para uma “mudança radical. “Comecei a fazer gestão de projetos de formação na área da investigação clínica e deparei-me com a necessidade de investigadores e médicos terem apoio na escrita dos próprios documentos. Era algo que gostava de fazer e comecei a prestar esse tipo de serviços. Estive vinculada a uma associação e a uma empresa, até deixarem de ter condições de me suportar financeiramente e ficar desempregada”, revela.
Paula Pinto aproveitou o desemprego para se lançar, pela primeira vez, por conta própria, e em 2021 recorreu à Agência em Prol do Emprego para pedir ajuda na candidatura ao Instituto de Emprego e Formação Profissional para antecipação do subsídio de desemprego. Os primeiros tempos de negócio foram “complexos. Era muita indefinição, não sabia como os clientes iam chegar, como se faziam as coisas, tinha alguns clientes que vieram de trabalhos anteriores, mas sabia que não era suficiente, que era preciso expandir. Envolvi-me na parte do Marketing e na divulgação com alguma ansiedade, não sabia se ia resultar. Fui tendo trabalho, mas o medo de que as coisas não fossem suficientes era grande, porque era tudo novo, as responsabilidades inerentes a ter um negócio próprio, os impostos, era tudo diferente, e exigiu adaptação e tomada de decisões”, lembra.
Mesmo quando começaram a vir “pessoas recomendadas de outras” e o movimento a aumentar, o medo permanecia, questionando “será que vou sobreviver como Empresária em Nome Individual?”. Para Paula Pinto, esta foi “a fase mais crítica. A partir daí, as coisas começaram a crescer e, neste momento, a preocupação é gerir o próprio tempo”, afirma. Como empreendedora, destaca que a principal vantagem é a “liberdade. Definir os projetos em que quero envolver-me, os clientes aos quais me quero dedicar, fazer escolhas mais livres. E agora tenho oportunidade de aprender, mais flexibilidade, faço gestão do próprio horário e concilio melhor com a vida pessoal”, diz. Mas não são tudo rosas. “Ser empreendedor e trabalhar por conta própria exige uma grande motivação e uma atualização constante dos conhecimentos e das práticas da área. Exige também uma resiliência muito grande para lidar com os momentos mais críticos e exige espírito de sacrifício para os momentos de mais trabalho”, refere.
Como trabalha sozinha, sente dificuldade em “validar a qualidade do seu trabalho” e, por isso, são tão importantes os momentos em que recebe feedback dos clientes. “Cruzar-me com pessoas que têm capacidade de reconhecer a qualidade do trabalho são momentos que me dão uma grande motivação”, confirma. Como conselhos para futuros empreendedores, salienta que as pessoas devem “definir claramente aquilo em que querem trabalhar, as linhas do negócio, o tipo de clientes com que se querem envolver e têm de criar mentalmente um estado que permita conciliar trabalho por conta própria com a vida pessoal. Trabalhem a resiliência e espírito de sacrifício para estarem preparados para momentos menos bons, para aceitar a incerteza que será intercalada por momentos de retorno, para se manterem atualizados e focados nas tendências do negócio e poderem assim acompanhar o que os clientes estão à procura”, afirma, acrescentando que é importante rodear-se de pessoas especialistas em diferentes áreas. “Procurem para as áreas que não são da vossa especialidade pessoas para ajudar a solidificar o negócio. A certa altura, é essencial procurar ajuda. No meu caso, quero e preciso de estar totalmente dedicada ao estudo e à escrita e, por isso, tento rodear-me de pessoas para fazerem a contabilidade, a gestão, o marketing, porque senão disperso-me e perco tempo que me é valioso para satisfazer as necessidades do cliente e cumprir compromissos”, explica.