O Castelo
“O curso de gestão e economia devia ser dado nas escolas”
Carla Pereira é o que se chama uma verdadeira empreendedora. Com empresa aberta desde 2012, já vai na terceira área de atuação, ajustando-se sempre às circunstâncias profissionais e pessoais. O Castelo é o projeto que tem a seu cargo com serviços de consultoria imobiliária, uma área que faz lembrar a saudosa arquitetura, algo que a empresária sempre quis seguir, mas não teve oportunidade.
“Eu vinha de uma empresa de gestão de condomínios em que era eu que geria tudo. Pensei ‘se eu consigo gerir para os outros, consigo gerir para mim’. Então lancei-me, em 2012, com um sócio e duas áreas: gestão de condomínios e limpezas”, refere Carla Pereira. Assim, nasce O Castelo, um projeto que demorou a arrancar numa fase inicial. “Os primeiros anos? Difíceis. Os primeiros anos são anos de semear, dar a conhecer o nosso trabalho às pessoas. Comecei do zero, sem nenhum cliente, tive de batalhar”. A ALPE ajudou no processo de abertura da empresa, na preparação do dossiê para a candidatura ao Instituto de Emprego e Formação Profissional, e, desde então, com muito esforço, Carla Pereira tem conseguido manter a empresa aberta. “Não é nada fácil. Angariar clientes em todos os negócios é a principal dificuldade, lidar com pessoas, ganhar a confiança delas para que procurem o nosso trabalho regularmente. Mas quem tem veia empresarial, chega ao final do dia satisfeito”, garante.
Principalmente, porque a sua palavra de ordem é “liberdade”. “É uma das coisas que eu procurava. Não tenho de dar satisfações a ninguém, se me apetece ir de férias para a semana, vou, não tem de ser no mês de agosto, mas não se trabalha 8h, são 10h/12h”, refere, salientando a necessidade de trabalhar duro. “Trabalho muito, um empresário tem de trabalhar e batalhar muito, mas a compensação de sermos nós a tomar as decisões, saber que quanto mais trabalharmos, mais gratificante será a nível monetário e de satisfação pessoal, porque não estamos a trabalhar e a receber sempre o mesmo. Quando se trabalha por conta de outrem, o ordenado é sempre o mesmo, e para mim começou a fazer sentido trabalhar por conta própria”, afirma.
O sócio, entretanto, faleceu e Carla Pereira viu-se a mãos com uma carga de trabalho excessiva. “A área das limpezas cresceu muito mais e, em 2017, eu estava com um desgaste físico e emocional muito grande, e tive de optar e, claro, optei pela área que me dava mais dinheiro, tinha uma boa carteira de clientes. Ao fim de três anos de negócio, a minha empresa de limpezas tinha cinco funcionárias, o boca-a-boca é a melhor publicidade”, declara. A saúde obrigou-a a vender o negócio, parar e reavaliar e, devido à grande quantidade de convites que recebia da área imobiliária, achou que esse seria o caminho. “Tive tantos convites de imobiliárias que achei que se calhar era uma área em que devia arriscar e, além disso, eu sempre quis ser arquiteta, mas não tive oportunidade, eu gosto de tudo o que é ligado a casas”, revela. O negócio “vai bem” e está, claro, “na fase de semear. Agora já tenho experiência para perceber que esta é a fase de semear, até aos três anos é assim, dizem as estatísticas e eu comprovo”, refere.
Uma verdadeira empreendedora que se foi sempre ajustando às circunstâncias. “Quando trabalhamos com gosto e bem, as coisas correm”, comenta. Ajudou-a neste percurso a base do curso de gestão. “Acho que o curso de gestão e economia devia ser dado nas escolas. Aprende-se na escola muita coisa que ao longo da vida não tem grande importância e isto sim é fundamental”, salienta. Não deixa de agradecer à ALPE “a ajuda em todo o processo”, revelando que é uma resposta à qual continua a recorrer “sempre que precisa. Prestam um bom serviço”, elogia. Como conselhos para futuros empreendedores, deixa o alerta: “Um bom empresário tem de se convencer que não vai ficar rico da noite para o dia. Vejo muitos a abrir hoje e a fechar amanhã, têm de se convencer que vão trabalhar mais do que o normal e ter responsabilidades”, afirma, criticando também o “Estado que não ajuda o pequeno empresário. Pagamos muitos impostos e isso sufoca as empresas, os impostos não deixam fazer face às necessidades, principalmente no início em que se anda a contar os tostões porque o volume de negócios não é suficiente para as despesas”. Um empresário que queira vingar no mercado, diz Carla Pereira, “além da honestidade, tem de trabalhar e batalhar muito. É satisfatório ao fim de uns anos, é preciso é não desistir e estar sempre a evoluir e em cima do acontecimento. Tenho um filho de 26 anos que está a trabalhar por conta de outrem, mas quer lançar-se por conta própria, porque me vê a mim e ao meu marido, que também é empresário, e sabe que se quer crescer e não estar limitado a ganhar aquele ordenado, tem de trabalhar por conta própria, mas tem de trabalhar muito”, salienta.