Charme Neutro
“Não se lancem se não tiverem conhecimentos na área e gosto pelo que estão a fazer”
Sérgio Correia é o responsável pela Charme Neutro, produtora de calçado para exportação. Com experiência em gestão de empresas, decidiu, em 2018, lançar o seu próprio projeto e, desde então, tem sido sempre em crescendo, não registando grandes quebras e conseguindo manter, até hoje, a mesma equipa. Garante que a diferenciação dos seus produtos assenta na qualidade e que para ser empreendedor é preciso sobretudo responsabilidade, respeito por funcionários e fornecedores e paixão pelo trabalho que se está a fazer.
Com 20 anos de experiência em gestão, Sérgio Correia já foi responsável pela empresa familiar, propriedade do pai, e por uma empresa em Guimarães que empregava mais de 60 funcionários, ambas na área do calçado. Em 2018, o bichinho do empreendedorismo começou a chamar e na tentativa de ter mais liberdade criativa e de tempo, procurou a ALPE para criar o seu próprio negócio. “Como já tinha conhecimento do que era a produção de calçado, queria algo que desse mais rentabilidade, outras oportunidades, liberdade”, conta. Assim surge a Charme Neutro, uma produtora de calçado para empresas derivadas que exportam para toda a Europa. Sérgio Correia lembra-se bem do início do negócio e do rigoroso processo de seleção da equipa de 16 pessoas que precisava para trabalhar. “Tive muitas pessoas a candidatar-se, muita gente a prestar serviço, filtrei e fiz as escolhas mais adequadas para a empresa. Mantenho as mesmas pessoas desde essa altura”, diz, orgulhoso.
A empresa, sediada em Gião, destaca-se por colocar a “qualidade como primeiro ponto. Há muitas empresas a fazer este tipo de trabalho sem gosto nem qualidade. A qualidade, na minha visão, é ponto obrigatório, seguida da premissa de não falhar com os clientes, cumprir os compromissos”, afirma, sobre a filosofia do seu negócio. A Charme Neutro foi crescendo, desde que abriu, não passando por períodos de grandes quebras, nem mesmo no despoletar da pandemia, conseguindo fazer face às paragens obrigatórias e à falta de funcionários. “Claro que não produzimos nessa altura como nos anos anteriores, porque faltava gente para trabalhar, principalmente com a questão dos isolamentos, mas fui sempre trabalhando razoavelmente bem. Temos crescido de ano para ano e tenho tido sempre trabalho”, refere.
É o primeiro negócio próprio de Sérgio Correia e a diferença, entre ser empresário e funcionário, passa sobretudo pela “responsabilidade. A responsabilidade faz a qualidade. Como empresário, tenho mais responsabilidade, tenho tudo sob a minha alçada, tenho de gerir pessoas, ser cumpridor com todos, é diferente”, declara. Essa responsabilidade é o principal motivo porque não acredita que toda a gente tenha perfil para ser empreendedor. “Quando se acha que tudo é fácil, não se é bom empresário. Eu sou o primeiro a entrar na fábrica e o último a sair, estou na empresa de manhã à noite e só saio para ir às empresas ver como está o trabalho. Quem quer ter sucesso tem de ser cumpridor”, salienta. Como conselhos para quem se queira lançar por conta própria, frisa: “Tem de ter gosto pelo que vai fazer, que ninguém se lance sem gosto e sem conhecimentos na área, sem isso é preferível estar quieto. Vai passar momentos fáceis e difíceis, tem de saber lidar com pessoas, saber ouvir, mesmo que não entenda, ouvir as pessoas ajuda muito. Ser cordial, ceder, falar com todos e, sobretudo, ser cumpridor e responsável”.