Barbearia K7
"O negócio tem estado a correr bem, peca é por tardio"
Hélder Santos abriu a Barbearia K7, em Pigeiros, em junho do ano passado e apenas se arrepende de não ter avançado mais cedo. Anteriormente, era sócio-gerente de um mini-mercado, já estando por isso familiarizado com o caminho do empreendedorismo. Começou a enveredar pela área da barbearia como uma “brincadeira”, algo que escolheu ao acaso, “podia ter sido outra área qualquer”, mas nela encontrou procura de mercado e um gosto pelas “novas aventuras” trazidas pelos pedidos dos clientes. Em pouco tempo, duplicou a clientela que tinha e segue firme neste novo empreendimento.
Trabalhou alguns anos por conta de outrem até que a irmã o desafiou para tomar conta de um mini-mercado. A concorrência das grandes superfícies, contudo, gerava um prejuízo constante. “O negócio que tinha anteriormente era incomportável, os mini-mercados nas aldeias são cada vez menos procurados devido às grandes superfícies”, explica Hélder Santos. Assim, começou a sondar fontes alternativas de rendimento. “Como o mini-mercado estava parado, surgiu a ideia de tirar uma formação de barbeiro e fui intercalando, exercia no gabinete de estética da minha esposa. Queria trocar de trabalho, fazer algo para mim, podia ter sido outro negócio qualquer, foi uma opção que surgiu na pesquisa. Tinha alguma curiosidade pela área, mas nunca imaginei que crescesse desta forma, foi uma brincadeira que se tornou numa mais-valia”, confessa Hélder Santos.
Um acaso que virou um nicho de mercado lucrativo. “Já tinha uma boa gama de clientes que me davam garantia para um projeto apenas dedicado a isto e no final de junho do ano passado avancei com a barbearia”, conta. Surge, assim, a Barbearia K7, na freguesia de Pigeiros. “Antes de iniciar o projeto, fui tirando bastantes formações e tem estado a correr bem, ainda bem que o fiz. Já fez um ano e só peca por tardio, se eu tinha já clientes que salvaguardavam despesas, devia ter avançado mais cedo. Com o novo espaço, bem localizado, com boa vista, dupliquei os clientes”, revela. Os primeiros passos foram difíceis, “porque não tinha o investimento inicial necessário”, mas com a ajuda da ALPE conseguiu capitalizar o fundo de desemprego e um apoio da Segurança Social para início de negócio. “O meu contabilista falou-me da ALPE, que ajudava no processo de obtenção de apoios, e depois de algumas reuniões à distância, em altura de pandemia, eventualmente informaram-me que havia uma possibilidade de fazer um pedido à Segurança Social de um apoio para início de negócio e avancei. A partir daí, o processo foi fácil, não tive grandes dificuldades”, refere.
Encontrou, além de um negócio rentável, um gosto acrescido pela área. “É uma aventura todos os dias. Apanhámos clientes novos, todos têm uma ideia diferente, um pedido diferente de corte de cabelo, é uma aventura. Nem sempre conseguimos fazer a mesma coisa, em todas as cabeças os cortes são diferentes”, diz Hélder Santos, contando o pedido mais difícil até hoje. “Uma rapariga, a única mulher que tenho a cortar cabelo comigo, pediu-me para fazer o desenho de uma folha na lateral do cabelo. Fiquei preocupado, não tenho muita procura e prática na área do desenho no corte, o que me pedem é mais à base de riscos simples, básicos. Mas os telemóveis ajudam. Vemos as imagens, tentamos replicar e acabou por ficar bem”, revela. O empreendedor exalta os benefícios de ter um negócio próprio – “quando é rentável, tem todas as vantagens” – mas não deixa de lado o aviso sobre a “falta de tempo pessoal. É verdade que ninguém manda naquilo que queremos ou não queremos, mas as férias, as folgas e os dias de descanso são muito menos”, aponta.
Como conselhos para futuros empreendedores, diz que “a principal chave é avaliar bem os prós e os contras. “Nem todos temos perfil para ser empreendedores, os perfis de funcionário e de gerente são completamente diferentes”, frisa.